Passarinho que logras docemente
Os prazeres da amável inocência,
Livre de que a culpada consciência
Te aflija, como aflige ao delinquente;
Fácil sustento e sempre mui decente
Vestido te fornece a Providência,
Sem futuros prever, tua existência
E' feliz, limitando-se ao presente.
Não assim, ai de mim! porque sofrendo
A fome, a sêde. o frio, a enfermidade,
Sinto também do crime o peso horrendo...
Dos homens me rodea a iniquidade,
A calunia me oprime, e ao fim tremendo,
Me assusta uma espantosa eternidade...
Bento F. Tenreiro Aranha
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