Etérea



Sou viajante que esvoaça ao vento, 
De Zéfiro, frescor celestial 
A navegar em rimas que eu invento 
Em récitas pro Cosmos imparcial.

Vagueio livre na amplidão do espaço 
De onde ponteio meu encantamento 
E em sintonia, de mim me desfaço, 
Só pra cantar contigo o teu lamento...

Faço-me brisa morna que te afaga 
E entre volteios essa dor transpasso 
Rindo da vida sempre tão aziaga, 
Aqui e ali, ato e desato um laço...

Com paciência e muita simetria, 
Vou escrevendo as páginas da saga 
Colando risos sobre o que agonia, 
Como se fora o sopro que embriaga.

Mas a verdade é esta afirmativa: 
De ti sou parte, como já sabias, 
E porque ando às vezes tão furtiva, 
Fica somente o rastro das folias...

"Assim se vive" - como se adjetiva - 
E pouco importa se pareço aérea! 
Essa junção que sabe a compulsiva, 
É nossa carne que se fez etérea.

SYLVIA COHIN 

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